terça-feira, julho 11, 2006

Lula diz que partidos serão responsáveis por ministérios


Quatro dias depois de devolver ao PMDB o comando dos Correios, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva rebateu ontem as críticas de que aderiu de vez ao fisiologismo com um argumento singelo: não responderá por escândalos e deslizes cometidos em áreas de seu governo controladas por outros partidos. Poucas horas antes de jantar na Granja do Torto com representantes de pelo menos 19 dos 27 diretórios do PMDB que lançaram o Movimento Pró-Lula, em apoio à sua reeleição, o presidente deixou claro que o partido terá de assumir integralmente a responsabilidade pelo que vier a ocorrer em sua órbita de atuação no governo."É mais que justo que o partido que tenha um ministro no governo seja o responsável por todo o ministério", disse Lula, ao ser abordado por jornalistas após almoço oferecido ao presidente de Gana, John Agyekum Kufuor, no Itamaraty. Ao mencionar sua proposta de "governo de coalizão", tendo o PMDB como parceiro preferencial, Lula citou o ministro das Comunicações, Hélio Costa, como exemplo do que almeja para um eventual segundo mandato.

Nota do Blog: Então fica assim. O Lula dorme com o PMBD, mas não se responsabiliza pelo filho que eles gerarem. Quando mesmo que o Lula se responsabilizou por alguma coisa que ocorreu embaixo da sua barba?

"Ele é do PMDB. Se tiver qualquer problema, o ministro será o responsável. O mesmo vale para a Saúde", insistiu. No caso da Saúde, o PMDB pressiona o Palácio do Planalto para assentar na cadeira de ministro o atual presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Paulo Lustosa, que ocuparia o lugar do atual titular, José Agenor da Silva. Até agora, o PT conseguiu barrar a indicação de Lustosa.

Antes do jantar, o líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), informou que Lula, além de receber o "apoio integral" de 19 diretórios do partido, terá a ajuda de dissidentes de seções da legenda em Estados como Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Suassuna não soube dizer, no entanto, quem será o representante do PMDB na coordenação da campanha de Lula. "Nós somos os noivos e ainda não recebemos o convite. Se formos convidados, conversaremos sobre o assunto."

Penca de Estatais - Lula reagiu às estocadas de adversários do PSDB e do PFL, para quem o governo quer transformar a política de "porteira fechada" em foco de corrupção. Sem mencionar a crise do mensalão, que atingiu em cheio o Planalto e o PT, o presidente disse achar "estranho" que, no passado, partidos ocupantes de cargos não tenham sido responsabilizados por seus erros. Lembrou, ainda, que o PMDB integra a sua base de sustentação e que fatia relevante da sigla apóia o Planalto bem antes das indicações nos Correios.

Na quinta-feira, Lula nomeou na cota do PMDB o presidente e três diretores dos Correios, além de prometer à legenda, caso seja reeleito, mais ministérios e o comando de uma penca de empresas estatais. No jargão político, "porteira fechada" significa domínio partidário sobre todos os cargos de determinada estrutura.

Ao destacar que o PMDB é uma força política nacional, o presidente fez questão de negar que esteja se distanciando do PT para entregar a condução da campanha a peemedebistas. "Quem vai fazer (a campanha)? O vizinho?", ironizou. "Tem de ser o partido."

O ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, afirmou que o PMDB deverá participar de um eventual segundo mandato de Lula. "O País não pode ser governado por uma força pura, seja de direita ou de esquerda", disse. "As instabilidades que ocorrem no Brasil têm muita relação com a falta de estabilidade dos partidos."

O programa de governo de Lula, segundo Tarso, conterá as "diretrizes mínimas" para a coalizão. "Os partidos deverão assumir a responsabilidade pelo que vierem a fazer no governo e perante a sua base parlamentar, para que ela não se fracione, como vem ocorrendo desde 1988", ponderou.

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