quinta-feira, julho 06, 2006

Tucanos criticam ingerência de Dirceu em crise do gás

Brasília (6 de julho) - Parlamentares do PSDB rechaçaram nesta quinta-feira a intervenção do ex-ministro chefe da Casa Civil e deputado federal cassado José Dirceu na crise do gás com a Bolívia. Mesmo fora do governo desde o ano passado, o petista viajou como emissário do Planalto ao país vizinho em abril. Na ocasião, o ex-parlamentar teria tratado da nacionalização do gás natural e do petróleo bolivianos com o presidente Evo Morales, que seria decretada dias depois.INDIGNAÇÃO

O vice-líder do PSDB na Câmara Antonio Carlos Panunzio (SP), membro de uma comissão externa de deputados que irá à Bolívia para negociar com parlamentares daquele país uma saída para a crise, criticou a atitude do governo. "Sabe-se que José Dirceu continua sendo o 'todo-poderoso do governo'. Embora casssado e afastado, ele é o homem de confiança de Lula", apontou. Segundo o tucano, o fato de Dirceu ter ido à Bolívia encontrar Evo Morales antes do decreto demonstra que o governo já sabia da crise do gás. "Lula conduz a política externa com base na simpatia ideológica. Cabe à população fazer o julgamento dessas atitudes", censurou.

Já o deputado Luiz Carlos Hauly (PR) atacou a forma de agir da gestão do PT. "O governo Lula é um escárnio. Ele não respeita as leis e não está respeitando o Tribunal Superior Eleitoral. É um governo terminal e que convive com mensaleiros. Isso é lamentável. Aguardamos ansiosos o fim deste mandato", afirmou.

O deputado cassado José Dirceu esteve em La Paz nos dias 23 e 24 de abril, quando a Bolívia vivia a expectativa do anúncio da nacionalização dos hidrocarbonetos. O decreto seria assinado em seguida, no dia 1º de maio, pelo presidente Evo Morales, e prejudicou as operações da Petrobras na Bolívia.

Dirceu foi recebido no aeroporto por representantes do governo e manteve compromisso no dia 23 de abril com Evo Morales, no Palácio de Governo. O ex-ministro falou sobre a relação entre Lula e Morales, as eleições no Brasil e ouviu relatos de preocupação sobre a ingerência do presidente venezuelano, Hugo Chávez, na Bolívia. O Planalto negou que o ex-ministro estivesse falando em nome do governo Lula, mas não negou a viagem.

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