quinta-feira, julho 06, 2006

PT programa a volta dos mensaleiros na eleição

Brasília (6 de julho) - Alheio a todo o esforço empreendido pelas comissões parlamentares de inquérito, Ministério Público e Polícia Federal para investigar um dos maiores esquemas de corrupção montados dentro do governo, o PT oficializou ontem a candidatura de vários personagens do mensalão - principal crise política do governo Lula.

ÉTICA FRÁGIL

Na avaliação do vice-líder do PSDB na Câmara Leonardo Vilela, a confirmação da candidatura dos principais nomes dos inúmeros escândalos de corrupção, que tiveram a participação ativa do PT, demonstra que a legenda se apóia em "princípios éticos muito frágeis". "As denúncias contra essas pessoas foram devidamente comprovadas. Iniciar uma campanha com esses nomes sinaliza que a moralidade que a população esperava não será a tônica dessas eleições", destacou.

Entre os 58 candidatos a deputado federal por São Paulo, boa parte já teve seu envolvimento comprovado em fraudes que vão desde o valérioduto até as operações da chamada República de Ribeirão Preto. A lista de estrelas da campanha do PT paulista inclui o ex-ministro Antonio Palocci - que além de participar do esquema de propinas das prefeituras petista, perdeu seu posto no Executivo por mandar quebrar o sigilo do caseiro Francenildo Costa - e José Genoino.

Nos casos de reeleição para a Câmara, a relação traz os deputados absolvidos João Paulo Cunha, Professor Luizinho e José Mentor - que mal escapou de um processo já começou a ser investigado novamente, desta vez por ter recebido R$ 300 mil de um doleiro para excluir o nome dele do texto final da CPI do Banestado, da qual foi relator. Nem mesmo a deputada Ângela Guadagnin, que protagonizou a "dança da pizza", foi esquecida e será candidata.

SÓCIOS NO CRIME

Para o deputado João Almeida (BA), a estratégia petista de lançar nomes tão conhecidos das investigações de corrupção deste governo só prova que todo o episódio do mensalão era parte integrante de uma ação bem articulada do partido para se manter no poder. "Pelo grau de envolvimento de todos eles com os projetos do petismo ficou impossível para o Partido dos Trabalhadores se desvencilhar dessas figuras", afirmou.

Segundo Almeida, dentro desse contexto nem mesmo a candidatura do ex-ministro da Fazenda - que foi investigado pelo Senado até o mês passado e ainda é alvo de processos no Ministério Público - provocou surpresa. "Não houve um delito maior que o outro. O valerioduto e o esquema de propina praticado por Palocci em sua gestão na Prefeitura de Ribeirão fazem parte do mesmo ambiente. O PT ontem legitimou a candidatura daqueles que foram os inseparáveis sócios no crime", lamentou.

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