quinta-feira, agosto 10, 2006

Lula sem Controle

Blog do Noblat
É recomendável que Lula evite comparecer a debates na televisão e no rádio com os demais candidatos à sua sucessão. Ele não resistiria ao sufoco.

Imaginem se Lula repetisse o que disse há pouco em entrevista ao Jornal Nacional - que não sabia do escândalo do mensalão até que ele foi descoberto, mas que é responsável pelos erros cometidos por qualquer um dos 1.200 mil funcionários públicos.

Ouviria na hora:
- Pare de enrolar. Quem se diz responsável por eventuais erros de 1.200 mil funcionários na verdade diz que não é responsável por nenhum erro. Quero saber como o senhor poderia desconhecer o que acontecia a poucos metros do seu gabinete e que resultou na demissão do seu principal ministro.

Ouviria na hora quando dissesse que nada fez para dificultar os trabalhos de qualquer CPI:
- Como nada fez? Então os ministros que tentaram impedir a criação de tantas CPIs agiram contra sua vontade?

Ai de Lula se esquecesse de responder à inevitável pergunta sobre a identidade daqueles que o traíram. Seria cobrado na hora:

- Quem traiu o senhor, quem? Dê os nomes.

Se Lula ousasse afirmar, como fez, que afastou seus dois principais ministros (José Dirceu e Antonio Palocci), o comentário viria em seguida:

- Afastou-os depois de tentar mantê-los enquanto pôde. E não se acanhou de chamar Palocci de "meu irmão" no dia em que ele foi embora.

E se ele repetisse o que disse a respeito de uma dívida com o PT que não reconhece, mas que Paulo Okamoto, presidente do Sebrae, mesmo assim pagou por ele e com seu próprio dinheiro?

Seria uma festa para qualquer adversário que pudesse comentar em seguida:

- Quer dizer que Okamotto é maluco de pagar uma dívida inexistente? O senhor pelo menos reembolsou-o?

William Bonner e Fátima Bernardes apertaram Lula que passou dois terços do tempo da entrevista respondendo a perguntas incômodas. Mas não o interromperam tanto como fizeram com Geraldo Alckmin. Nem foram tão agressivos.

Lula insistiu na tese do "eu não sabia". Pode ter deixado no mínimo a impressão de que não controlava as ações dos seus subordinados - o que é ruim para ele.

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