segunda-feira, agosto 07, 2006

Em Minas, Lula divide palanque com mensaleiro

O Estado de São Paulo
Além do petista João Magno, presidente teve de discursar ao lado do polêmico Newton Cardoso

Ao participar de um comício ontem em Governador Valadares (MG), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dividiu o palanque com dois personagens que provocaram constrangimento: o deputado João Magno (PT-MG), um dos mensaleiros beneficiados pelo dinheiro do valerioduto, e o candidato a senador Newton Cardoso (PMDB), alvo habitual de críticas dos petistas mineiros e até mesmo de integrantes de seu partido. Magno foi o petista que, ao ser absolvido pelo plenário da Câmara, no dia 22 de março, foi homenageado pela colega Angela Guadagnin (PT-SP) com a célebre “dança da pizza”.

O previsto inicialmente era a adoção do novo formato bolado para os comícios de Lula, com dois palanques. Num deles, ficaria o presidente candidato à reeleição e seus principais aliados na disputa no Estado. No outro, seriam abrigados deputados federais e estaduais e prefeitos.

A justificativa oficial era que o palanque principal ficaria muito cheio. Mas haveria o ganho colateral de evitar que Lula pedisse voto ao lado de sanguessugas, mensaleiros ou políticos envolvidos em escândalos. Só que o palanque principal ficou vazio e os deputados acabaram sendo convidados a reforçá-lo.

Foi a invenção do chamado “palanque dos excluídos” que provocou o esvaziamento do comício. Um dos políticos ausentes, que não quis não se identificar, disse que a separação significava “uma humilhação”.

Diante do problema, o próprio Lula pediu desculpas. “Quero dar os parabéns aos prefeitos que estão aqui. Lamentavelmente me disseram que no palanque não cabe muita gente”, disse o presidente, que estava na companhia do vice José Alencar, que é de Minas. “De vez em quando, a gente vê na televisão um palanque quebrar. Como eu e o Alencar, que já temos 50 anos de idade, não podemos correr o risco de nos machucar com o palanque caindo, então quero pedir desculpa aos prefeitos de tê-los separado aqui do palanque oficial. Mas, como nós somos companheiros, nós estamos ligados por uma química. Não é esse fato que vai nos separar.”

O comício teve um público abaixo do esperado. Eram 1.500 pessoas, segundo a Defesa Civil, ou 3 mil, segundo o comitê da campanha da reeleição. Antes do evento, Lula vistoriou obras da BR-116 e, em seguida, subiu num jipe emprestado por um petista e desfilou pelas ruas da cidade.

Ele pediu aos eleitores que ajudassem a eleger deputados dos partidos governistas. “Vocês sabem o sacrifício que a gente sofre lá em Brasília.”

O presidente abriu seu pronunciamento de 30 minutos brincando que “tinha desaprendido de fazer comício”. “Mas aqui, estou voltando aos velhos tempos. Fazer comício é como andar de bicicleta. Andou uma vez, nunca mais a gente desaprende.”

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