quarta-feira, setembro 27, 2006

PF encontra prova que liga PT ao dinheiro do dossiê

Estadão.com.br
A divulgação das informações, com os nomes dos responsáveis e a tipificação dos crimes de cada um, depende de uma checagem final

Após um dia de intensas buscas em casas de câmbio, bancos e instituições financeiras de São Paulo, a Polícia Federal encontrou a prova definitiva que liga o PT ao dinheiro - R$ 1,75 milhão - arrecadado pelo partido para pagar à família Vedoin pela compra e divulgação do dossiê contra o candidato ao governo de São Paulo pelo PSDB, José Serra. A PF já tem os nomes de todos os envolvidos na operação de recolhimento do dinheiro - R$ 1,16 milhão e R$ 248,8 mil - e sua entrega em duas remessas aos petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha, que se encontravam hospedados no hotel Íbis, próximo ao aeroporto de Congonhas. A PF descobriu que pelo menos dois emissários designados pelo Diretório Nacional do PT ficaram encarregados de resgatar os dólares nessas casas de câmbio e os reais em agências de três bancos em São Paulo e no Rio. Esses emissários são o elo para fechar toda a cadeia de comando da operação.

Até agora, sete petistas estão formalmente investigados como suspeitos de envolvimento direto com o escândalo. As diligências desta quarta podem levar ao indiciamento de pelo menos outros cinco integrantes do partido. Eles devem responder a processo por crime eleitoral, ocultação de documentos de interesse da justiça, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

A divulgação das informações, com os nomes dos responsáveis e a tipificação dos crimes de cada um, todavia, depende de uma checagem final que está sendo feita pelo Ministério Público e a PF, além de uma consulta ao juiz federal Marcos Alves Tavares, ao qual o processo está submetido, uma vez que o caso corre sob segredo de justiça.

Gedimar e Valdebran foram presos pela PF no dia 15 de setembro último, por ordem judicial, no momento em que aguardavam a chegada do empresário Paulo Trevisan, emissário da família Vedoin, para efetuar a troca do dinheiro pelo dossiê.

A identificação da procedência dos dólares foi facilitada porque as cédulas eram virgens, estavam em série numerada e os dois maços em que foram encontradas eram embalados em fitas do Bureau of Engraving and Printing (BEP), espécie de Casa da Moeda americana. O rastreamento e a identificação completa da operação, até a remessa física do dinheiro ao Brasil, foram feitos em apenas cinco dias pelo governo dos EUA.

Os dólares fazem parte de um lote de R$ 1,75 milhão apreendido com os dois petistas. Eles confessaram, em depoimento à PF que o dinheiro, levantado pelo PT, seria usado para comprar um dossiê da família Vedoin, com o objetivo de envolver o candidato tucano ao governo de São Paulo, José Serra, com a máfia dos sanguessugas.

A Polícia Federal já havia levantado que parte dos dólares apreendidos pertencia a um lote de US$ 25 milhões fabricado pela casa da moeda americana em abril deste ano, conforme antecipou o Estado. O lote fora distribuído para bancos de Nova York e do Estado da Flórida.

No momento em que ocorreu a prisão, Valdebran estava de posse de US$ 109,8 mil e R$ 758 mil, enquanto Gedimar detinha US$ 139 mil e mais R$ 410 mil. Quanto à parte do dinheiro em reais (R$ 1,16 milhão), o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) informou que só deverá esclarecer sua origem depois da eleição de domingo.

Até agora, só se sabe da origem de R$ 25 mil, dos quais R$ 15 mil foram sacados na agência do Bradesco no bairro da Barra Funda, em São Paulo; R$ 5 mil na agência do BankBoston no bairro da Lapa, também na capital paulista, e R$ 5 mil no Banco Safra.

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