quinta-feira, setembro 28, 2006

Ex-assessor de Mercadante entregou dinheiro para pagar por dossiê

Estadão.com.br
Operação da PF concluiu que Hamilton Lacerda, então assessor de Mercadante, entregou o dinheiro a Gedimar Passos e Valdebran Padilha, prova que liga o PT ao R$ 1,75 milhão destinado a pagar pelo dossiê antitucano

Hamilton Lacerda, ex-coordenador de comunicação da campanha de Aloizio Mercadante ao governo paulista, foi apontado pela PF como responsável pelo saque e pela entrega do dinheiro destinado à compra do dossiê Vedoin, que envolveria o tucano José Serra com a máfia dos sanguessugas. Hamilton entregou o malote com o dinheiro aos petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha no dia 14, no hotel Ibis, em São Paulo. Ambos foram presos no dia seguinte com R$ 1,75 milhão. A informação foi divulgada após uma análise dos vídeos do hotel, em São Paulo. Para a PF, esta é a prova definitiva que liga o PT à compra do dossiê.

O então coordenador de comunicação da campanha petista em São Paulo também intermediou as negociações com a revista IstoÉ para publicação do dossiê e da entrevista dos empresários Darci e Luiz Antônio Vedoin, chefes da máfia dos sanguessugas.

O delegado Diógenes Curado e o procurador Mário Lúcio Avelar estarão nesta quinta-feira, 28, em São Paulo, para interrogar Hamilton Lacerda.

Além de Hamilton, pelo menos mais um emissário foi designado pelo Diretório Nacional do PT para resgatar os dólares em São Paulo e no Rio. Esses emissários são o elo que faltava para fechar toda a cadeia de comando da operação, apelidada de ´Tabajara´ por causa da sucessão de trapalhadas montada pelo PT para prejudicar candidaturas tucanas.

Agora a PF já tem os nomes de todos os envolvidos na operação de recolhimento do dinheiro (R$ 1,16 milhão e US$ 248,8 mil) e sua entrega em duas remessas aos petistas Gedimar Passos e Valdebran Padilha, que acabaram presos com a quantia no Hotel Íbis, em São Paulo, no dia 15.

A divulgação das informações, com os nomes dos responsáveis e a tipificação dos crimes de cada um ainda depende de uma checagem final que está sendo feita pelo Ministério Público e a PF, além de uma consulta ao juiz federal Marcos Alves Tavares, ao qual o processo está submetido, uma vez que o caso corre sob segredo de Justiça porque envolve o sigilo bancário.

Até agora, sete petistas estão formalmente investigados como suspeitos de envolvimento direto com o escândalo. As diligências podem levar ao indiciamento de pelo menos outros cinco integrantes do partido. Eles devem responder a processo por crime eleitoral, ocultação de documentos de interesse da Justiça, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.

Bancos têm sigilo aberto

A Justiça Federal de Mato Grosso quebrou nesta quarta-feira o sigilo dos bancos Sofisa, Bradesco, Safra e BankBoston para rastrear a movimentação do dinheiro para compra de dossiê contra candidatos tucanos apreendido com petistas no dia 15. A medida permitirá que seja descoberta toda a rede de envolvidos no levantamento de fundos, na compra e na divulgação do dossiê destinado a prejudicar candidatos do PSDB nas eleições de domingo.

A PF descobriu que o Sofisa é o banco paulista que recebeu os dólares, procedentes de um banco de Miami (EUA), usados no pagamento à família Vedoin pelo dossiê antitucano. Dos outros três bancos, saíram os reais.

Por meio de nota, o Sofisa negou que tenha cometido qualquer irregularidade, seja na aquisição ou revenda dos dólares trazidos dos Estados Unidos. Alega ainda que seguiu rigorosamente as normas do Banco Central na operação e que não tem controle ou responsabilidade sobre o uso do dinheiro pelos clientes.

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