O mundo de Lula
"Eu conheço o mundo, e o mundo me conhece", tem dito, nos "spots" de TV, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A primeira parte da frase é falsa. Se Lula conhecesse o mundo, não levaria a surra que está levando até dos líderes de países absolutamente periféricos no sistema internacional (Evo Morales, para ficar apenas no exemplo mais recente). Se de fato conhecesse o mundo, seu governo não teria perdido todas as eleições a que se aventurou no sistema internacional. Se de fato conhecesse o mundo, não teria insistido em uma reunião de cúpula para destravar a chamada Rodada Doha, de negociações comerciais, ante a visível indiferença de seus parceiros mais relevantes no caso. A rodada naufragou. Se de fato conhecesse o mundo, deveria naturalmente conhecer ainda mais o mundo mais próximo, o latino-americano, no qual, aliás, predominam hoje dirigentes que foram ideologicamente próximos do PT antes de o partido e Lula jogarem no lixo tudo o que disseram antes de chegar ao poder. Mas é justamente nessa vizinhança que Lula toma surras mais vistosas. É permanentemente surpreendido por Hugo Chávez -que, de resto, lhe roubou o papel de animador da contestação-, por Evo Morales e até pelo discretíssimo Tabaré Vázquez, presidente do Uruguai, que se encaminha para assinar acordo de livre comércio com os Estados Unidos. Se e quando se concretizar, implodirá o Mercosul e, por extensão, a Comunidade Sul-Americana de Nações, que, por sinal, nem saiu do papel. A segunda parte da frase ("o mundo me conhece") talvez seja verdadeira. Mas, se Chávez, Evo e Tabaré conhecem Lula, não parecem ter grande respeito por ele, a ponto de, vira e mexe, estarem fazendo alguma "sacanagem" com o presidente brasileiro, para usar a linguagem do próprio desorientado Lula.
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