terça-feira, setembro 12, 2006

Lula sem FHC

Folha de São Paulo
"Além de ser o criador de tudo o que havia de bom, ele [Lula] aparece como o salvador de tudo o que havia de ruim", disse Cristovam Buarque à Folha, ironizando o enorme talento de Lula para transformar suas versões em verdades.
O Bolsa-Escola foi uma herança boa? Então, mudou o nome e foi Lula quem inventou. E havia turbulências na economia, por conta do cenário externo, da excessiva dependência brasileira e até do temor da eleição do próprio Lula?
Então, foi Lula quem salvou o país -com a mesma política econômica. É como se houvesse um Brasil antes de Lula e outro depois de Lula. Antes, a terra arrasada. Depois, a maravilha das maravilhas.
Engenheiro, economista, professor, ex-reitor da UnB, ex-governador do DF, ex-ministro e senador por mais quatro anos, Cristovam é candidato a presidente pelo PDT. Tem 1% nas pesquisas, mas insiste na sua cruzada.
Demitido por Lula do MEC, e por telefone, ele agora não tem papas na língua. Diz que Lula "usurpou" o Bolsa-Escola (idéia que Cristovam registrou em livro na UnB e implantou depois no DF), como "usurpou a política econômica de FHC e a ética de Collor".
Mais: segundo Cristovam, Lula se arroga a responsabilidade pela auto-suficiência do petróleo, um trabalho de meio século e de incontáveis governos. Depois, ironiza: qualquer dia desses, o Lula vai se passar por "pai do Real" -plano, aliás, que o atual presidente condenou publicamente quando lançado por FHC no governo Itamar.
Se Lula for reeleito, como indicam as pesquisas, não haverá mais a "herança bendita", como é hoje o petróleo, muito menos a "herança maldita", como é tudo o que veio de FHC. Ele vai ter que arranjar outra desculpa para erros, atrasos e maus resultados -como os do PIB. Será Lula com Lula. E haja lábia.

Nenhum comentário: